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Sons de Alerta para Veículos Elétricos

A redução do ruído sempre foi um desafio da indústria automobilística ao longo dos anos. 

Alguns poderiam desejar um som mais esportivo em carros e motocicletas de luxo, mas a maioria sempre desejou veículos mais silenciosos devido ao stress que o excesso de ruído causa ao ser humano, além das perdas auditivas que destroem a capacidade de comunicação entre as pessoas.
Bairros mais silenciosos, longe do ruído do tráfego até poderiam ter um valor maior de mercado.

Quando surgiram os primeiros carros elétricos (e híbridos elétricos), este sonho de termos um mundo mais silencioso, onde ouviríamos o som dos pássaros ou conversaríamos sem alterar o volume da voz, mesmo em meio ao trânsito, começou a parecer possível.

Entretanto, não contávamos com outro efeito: a falta do ruído nos veículos (inclusive em caminhões e ônibus, tão barulhentos) impactaria a vida dos pedestres, ciclistas e pessoas com deficiência.

Sem o som do veículo se aproximando ou manobrando, ficamos totalmente dependentes da visão. Qualquer descuido, como deixar de olhar para um dos lados da rua, ou uma distração momentânea, poderia causar um acidente. E o que dizer daqueles que apresentam algum tipo de deficiência visual?

Os primeiros veículos elétricos que começaram a circular na Europa, EUA e China já produziram um aumento significativo nos atropelamentos (aproximadamente 54% a mais, em um ano), de forma que foi necessário criar um Sistema de Alerta Acústico de Veículos, o AVAS (do inglês: Acoustic Vehicle Awarning System).

Nesses países, as autoridades estão adotando sons artificiais (semelhantes aos veículos à combustão) para que os veículos elétricos sejam notados pelas pessoas. Na União Europeia, desde julho de 2019, os novos veículos elétricos, híbridos e de células de combustível são equipados com um sinal acústico de série. A ideia é proteger pedestres, ciclistas e pessoas com deficiência. Regulamento semelhantes estão sendo aplicados nos EUA e China.

O sistema funciona em velocidades baixas, simulando um ruído que aumenta de intensidade à medida que a velocidade aumenta. Em velocidades acima de 20 km/h, o som é silenciado, pois o ruído gerado pelo atrito dos pneus na pista já é suficiente para alertar as pessoas.

No Brasil ainda não dispomos de normas que tratem deste tema, mas há um projeto de lei, o PL 4171/2023 que tramita na Câmara dos Deputados, de autoria do deputado Áureo Ribeiro (SOLIDARI/RJ). Este PL pretende alterar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e dessa forma, estabelecer a obrigatoriedade de instalação de aparelho gerador de ruídos nos veículos equipados com motor exclusivamente elétricos e/ou híbridos. Conforme o texto, se o PL for aprovado, nos veículos de motor exclusivamente elétrico e/ou híbrido, deverá ser instalado equipamento que emite som semelhante aos veículos de motor à combustão. Deverá haver a emissão do som quando o veículo estiver em velocidades entre um e vinte quilômetros por hora e em manobras em marcha à ré. A falta do equipamento poderá ser infração grave, com multa de R$ 195,23.

Vivian Mizutani
Física – Especialista em Acústica